NOTÍCIAS



6/1/2020

Pandemia evidencia cenário de saneamento crítico com pouco mais de 50% de cobertura de rede de esgoto no Brasil



País tem rede de esgoto de 107 milhões de habitantes, equivalente à metade da população,falta de investimento adequado contribui para índices baixos.
 
Não foi a COVID que sucateou o saneamento básico no Brasil e mostrou que é precário. A pandemia só evidenciou que a infraestrutura no setor é muito deficitária. Foi o que afirmou o Prof. Dr. Fabio Campos, no “Programa Filtra Ação”, canal de conteúdo online da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais e das revistas Meio Filtrante e TAE, no dia 14 de maio.

Cerca de 169 milhões de pessoas eram atendidas pela rede de água em 2018, uma média de 83,6% de oferta de água potável, com grande desigualdade entre as regiões. Sul e Sudeste se destacam do Norte e Nordeste. Os investimentos do setor são escassos, somaram 5,75 bilhões em 2018, ante R$ 5,57 bilhões em 2017. “O valor quase não mudou de um ano para o outro”, alertou.

O Brasil conta com 12% de toda a água doce disponível no mundo. O consumo por setor é dividido 7% para uso doméstico, 20% para indústria e 70% para agricultura. “Seria fundamental usar água de reuso tanto na indústria quanto na agricultura. O consumo humano deveria ser priorizado já que a água potável é um recurso finito e não estará disponível com qualidade para todos”, advertiu. 

Segundo o professor, os governantes precisam levar água com qualidade para a população, afastar a possibilidade de contaminação, ou seja, investir na rede coletora de esgoto, bem como no tratamento para não ocasionar impactos na saúde da população.

O índice de atendimento da rede de esgoto é ainda pior, com atendimento de 107,5 milhões, média de 53,2% e investimentos pífios – R$ 4,74 bilhões em 2018 e R$ 3,88 bilhões no ano anterior. Quarenta e oito por cento da população não recebe tratamento para o esgoto e 55% das pessoas não possuem esgotamento sanitário adequado. Também há grande variação entre as regiões, sendo as regiões Norte e Nordeste as mais prejudicadas.

O panorama é caótico. Dados de 2017 mostram que eram geradas por dia 9,1 toneladas de esgoto. Apenas 3,9 toneladas eram encaminhadas para tratamento coletivo, 1,1 toneladas iam para fossas sépticas, 1,7 toneladas eram coletadas, mas não submetidas a tratamento, e 2,4 toneladas despejadas a céu aberto.

O Plano Nacional de Saneamento previa universalizar o serviço até 2033. Seria necessário investir 22 bilhões/ano, no entanto, esta soma não chega a 10 bilhões/ano. De acordo com projeções, com esta média de investimentos, a universalização da água só chegaria em 2070 e a de esgoto, em 2067.

Durante o “Programa Filtra Ação”, Campos citou as consequências da falta de investimentos em saneamento, como o comprometimento das bacias hidrográficas, as várias doenças provenientes de água contaminada, morte da vida aquática e animais.

Calamidade também no saneamento do mundo – Campos falou que o cenário mundial de saneamento é preocupante – 2,2 bilhões de pessoas não tem acesso à água potável; 4,2 bilhões de pessoas não contam com esgotamento sanitário; e 3 bilhões de pessoas não tem acesso a instalações básicas de higienização das mãos. “Fator alarmante, considerando a pandemia ocasionada pela COVID-19”, ressaltou.

Segundo o professor, entre 200 países, o Brasil ocupa a 112ª posição em saneamento, perdendo para outros países da América do Sul, como Chile e Peru. “Precisamos planejar como a demanda será atendida nos próximos anos”, afirmou. 

Desafios em tempos de COVID-19 – “Os países melhores aparelhados em saneamento se sairão melhor nos tempos de Covid-19”, comentou.  Citou também alguns estudos feitos com relação à COVID-19, mas nada foi provado com relação a contaminação da COVID-19 no saneamento. 

O conteúdo do programa na íntegra pode ser acessado no canal TV Filtros no YouTube. 

Mais informações sobre os próximos programas e também os links para acesso ao evento ao vivo, estarão sempre disponíveis nas redes sociais da Abrafiltros e também das Revistas Meio Filtrante e TAE.

Sobre a Abrafiltros:
Criada em 2006, a Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água e efluentes – ETA e ETE, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.
 
Mais informações:
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa
www.versoassessoriadeimprensa.com.br

associados