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Abra Talks alerta para escassez mundial de água potável
No Brasil, os números são alarmantes e mostram que falta água potável nas torneiras para milhões de pessoas e cerca de 2/3 da população mundial vive sem água durante pelo menos um mês a cada ano.
O volume total de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhões de km³, mas apenas 2,5% são de água doce, e 70% desta água doce está em forma de gelo. Para 2025, segundo projeções das Nações Unidas, 1,8 bilhão de pessoas terão carência absoluta de água. Estes foram alguns dos dados que Edgar Mascarenhas, especialista em desenvolvimento e gestão estratégica de pessoas e projetos, afirmou quando abordou o tema “A água que você não vê: o universo por trás das torneiras, galões e garrafas”, no primeiro episódio da temporada 2024 do Abra Talks, que celebrou o Dia Mundial da Água, realizado em 22 de março.
Segundo o especialista, o avanço tecnológico da humanidade traz uma ilusão. “Levamos cerca de 100 mil anos para evoluir de caçadores-coletores nômades ao domínio da agricultura; depois uns poucos milhares de anos para chegar à Revolução Industrial. Da Era Industrial para a Atômica transcorreram apenas 200 anos, sendo que décadas depois disso nos libertamos da gravidade da Terra rumo ao espaço, alcançamos a Lua e após poucos anos chegamos a Era da Informação. Os intervalos entre os grandes avanços tecnológicos foram diminuindo. “Mas, não se pode ter a ilusão de que a tecnologia será sempre capaz de resolver os problemas que ela própria ajudou a criar”, advertiu Mascarenhas, lembrando que já se falou em crise climática e, agora, é chamada de emergência climática, que impõe riscos de impactos extremos sobre as principais cidade litorâneas do mundo.
Destacou que o tema proposto pela Organização das Nações Unidas para o Dia Mundial da Água foi “Água para a Paz”, revelando preocupação já que quando a água se torna escassa, poluída ou há acesso desigual entre as pessoas ou até nenhum acesso pode desencadear conflitos. A ONU estima que, em 2030, a escassez de água será a maior responsável pelos deslocamentos humanos. “Setecentos milhões de pessoas vão ter de sair dos seus locais em busca de água”, ressaltou.
Os números que Mascarenhas apresentou são alarmantes: cerca de 4 bilhões de pessoas, ou seja, 2/3 da população mundial, sofrem com a escassez de água durante um mês a cada ano, pelo menos; 2,1 bilhões de pessoas vivem sem água potável em suas casas; cerca de 159 milhões de pessoas coletam água que usam para beber de fontes superficiais desprotegidas, como lagos e córregos, entre outras estatísticas assustadoras.
Ressaltou sua preocupação sobre a disponibilidade de água para consumo. “O maior adensamento populacional está distante dos lugares que têm mais água. No Brasil, por exemplo, a região que tem quase 40% de toda água doce disponível tem só 6% da população”, afirmou.
Disse também que é o segmento que mais consome água é a agropecuária, com 72%; a indústria vem em seguida consumindo 21% e as residências somente 7%. Citou exemplos sobre a água virtual, ou seja, a água que está envolvida ao longo de toda a cadeia de suprimentos de commodities, bens e serviços. “Uma cerveja demanda 5,5 litros de água; cada quilo de arroz 2.500 litros de água; um quilo de manteiga 18.000 litros de água”, comentou.
Saneamento Básico no Brasil – Segundo o especialista, o saneamento é uma disciplina que envolve múltiplos interesses, vontade política, é multidisciplinar e multilateral – tem população, políticos, empresas que vão prover soluções e fontes de financiamento. “Não dá para falar em Nação desenvolvida sem falar em saneamento básico”, ressaltou Mascarenhas, explicando: “Obras de saneamento não estão, geralmente, no olhar das pessoas, por isso o título da minha apresentação – ‘a água que você não vê’, e o ser humano não é só bonito, excreta, e isto precisa ser tratado”. Destacou que, com iniciativas deste tipo como a entrevista, ele tenta colocar diante dos olhos das pessoas este tema para que chegue até o coração e comecem a sentir. Tenta mudar o provérbio popular “o que os olhos não veem, o coração não sente”.
Sobre o Marco Legal do Saneamento Básico, explicou que se esperava que, até 2030, se buscasse a universalização do abastecimento de água e da coleta e tratamento de esgoto. No entanto, segundo Mascarenhas, dados do Instituto Trata Brasil revelam que, hoje, no Brasil, há 35 milhões de pessoas sem acesso a água potável numa torneira. 100 milhões de pessoas sem tratamento e coleta de esgoto. Só 50% do esgoto coletado são tratados. “Comemoro todos os avanços da indústria brasileira em todas as frentes, o agronegócio, a indústria aeronáutica e todas as outras coisas que somos capazes de fazer, quando se ouve que uma brasileira foi a primeira a mapear o RNA do vírus durante a pandemia do COVID-19. Tudo isto é muito bom para o País, mas enquanto não dermos a atenção devida ao saneamento sempre ficará uma mácula e uma marca de subdesenvolvimento”, afirmou.
Curiosidades relacionadas à água – Durante a explanação, trouxe diversas curiosidades. Comentou que a trajetória do ser humano com a água inicia desde quando o bebê está envolto no líquido amniótico, que é composto por 98% de água. Com relação à Nação, destacou o papel da água no Hino Nacional ao abordar as margens plácidas do Ipiranga, rio que nasce no Jardim Botânico, na zona Sul de São Paulo, e 9 km depois já está totalmente poluído, ao desaguar na zona Leste. Citou que, no Ipiranga, ocorreram transbordamentos porque retiraram os meandros, que serviam para depósitos dos sedimentos, e, sem os meandros, esses sedimentos foram para o fundo do leito. Falou que a poluição nos acompanha desde sempre, contando que em 1700 já existiam relatos de degradação dos rios Anhangabaú e Tamanduateí.
Relacionou também diversos Deuses com a água, bem como filósofos, entre outros, Thales de Mileto, que acreditava que a água era uma substância primordial e origem de toda a vida, e cientistas como Lavoisier, que descobriu a fórmula da água.
Passou para assuntos não tão agradáveis para o meio ambiente, como o SMOG londrino de 1850 (smoke – fumaça e fog – neblina), os 61 mil cavalos na era vitoriana, em Londres, que geravam por dia cerca de mil toneladas de esterco e 70 mil litros de urina nas ruas, e base de alimentação do londrino, os porcos, com proporção de 17 porcos para cada pessoa. Por isso, os britânicos iniciaram práticas de saneamento básico.
Falou sobre os estudos do Pai da Epidemiologia Moderna, John Snow, que demonstrou que a ingestão de água contaminada causava cólera, ajudando, assim, a desbancar a Teoria Miasmática, que achava que a origem das doenças viria da má qualidade do ar, oriunda da putrefação de corpos e da decomposição de plantas.
Entre as personalidades que tentaram solucionar esses problemas de contaminação da água, citou Sir Henry Doulton que fez os primeiros experimentos com filtros – elemento cerâmico de terra diatomácea de 1835/1846 e a incorporação do carvão impregnado com dióxido de manganês; Dr. Louis Pasteur e Chamberland, que em 1884 inventaram o filtro Chamberland/Método Pasteur – primeiro sistema patenteado de filtragem para rede hidráulica por pressão, com elemento filtrante de cerâmica com capacidade de microfiltração (de 10 a 0,01 ?m), onde surgiu o conceito de “vela” para o elemento filtrante.
No Brasil, de acordo com Mascarenhas, inicialmente, os filtros eram importados da Europa. Depois a imigração europeia trouxe os profissionais técnicos que inovaram ao usar argila. Além disso, o aumento da urbanização inviabilizou os poços, estimulando a indústria de filtros, surgindo o filtro de barro em 1920. “Teve o nome de filtro de barro devido à “vela” que tinha como objetivo controlar os resíduos sólidos”, disse. Depois, na década de 80, empreendedores criaram um novo conceito de filtros e purificadores residenciais.
O Abra Talks conta com patrocínio do Grupo Supply Service. Para conferir este e outros episódios, basta acessar o canal da TV Filtros no Youtube: https://www.youtube.com/tvfiltros.
Mais informações sobre o setor de filtração no site: https://www.abrafiltros.org.br/.
Sobre a Abrafiltros:
Criada em 2006, a ABRAFILTROS – Associação Brasileira das Empresas de Filtros Automotivos, Industriais e para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água, efluentes e reúso, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.
Mais informações:
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa
Jornalista responsável – Majô Gonçalves – MTB 24.475
www.versoassessoriadeimprensa.com.br
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